Gosto tanto dessa palavra, pra iniciar hoje.
E que realmente é o que eu preciso sempre ter em mente, "esperança".. Hoje foi um dia triste, super, ou pelo menos está sendo. Eu não sei nem como começar a dizer, apenas sei que ultimamente venho tentando esconder, digamos, meus sentimentos de dentro, tudo está sendo uma enganação, não me sinto o mesmo quando me olho no espelho. Hoje eu percebi que, um gay a ter amigos héteros (homens) realmente é a coisa mais difícil do universo.. A gente vê tanta coisa chata, tanta coisa espontaneamente que acaba se chateando, de relance pega gestos que nos entristecem, que nos faz sentir inferior, rebaixado, um ninguém, um objeto de riso dos outros. E sabe, cansei, isso sempre praticamente foi quase toda minha vida assim, tentando me reprimir pros outros não perceberem ou pra não pensarem nada errado de você. Desisto da vontade e talvez da esperança de se conviver com amigos homens héteros. Tá ok, isso foi uma das coisas que hoje me deixou mais triste, uma das.. coisa que na verdade eu nem me importo tanto, porque amizade com homens sempre foi algo difícil de acontecer, e querer me envolver quase sempre se torna um erro. Fico pensando em como o mundo realmente é injusto, os pobres, gays, os que lutam, parecem não ter saída, assim tipo eu. Meu pai hoje me felicitou numa frase que disse, por um lado me tranquilizou, por outro, paro pra pensar se não é perca de tempo, será que tamanho investimento realmente está de certo modo sendo a coisa certa? Sabe, não sei o que pensar mais, provas como hoje, que fiz uma, realmente me deixou lá no chão, me fez com que eu me sentisse a pior pessoa do universo, uma pessoa sem significado. Porque caramba, a gente estuda tanto, ou pelo menos o que deveria ser esse "tanto", e sente que nada valeu a pena em 7 meses, se esforça e tenta sempre estar pensando em recompensar as matérias que você menos entende, mas isso não sai da mente, porque pensando realmente bem, será que todo esse investimento está trazendo vantagem? Ah não sei.. apenas sei que, estou vivendo e acreditando que tudo está bem e ficará, mas é uma coisa que incomoda e nos deixa tão inquieto que não dá pra expressar, um sentimento calmo, com pouca vontade de falar, de estar à vista de qualquer pessoa que seja. Sem contar os sonhos que, ultimamente tem me traumatizado e me tirado lágrimas sem fim, até comentei com a minha mãe o trágico sonho, um pesadelo na verdade, enfim coisas horríveis. Daí me pego pensando: a gente tenta mas parece que a força contrária é sempre maior, e você se vê perdido totalmente, sabendo que poderá passar numa universidade mas com a incerteza que sairá de lá formado, porque a maldita exatas que sempre eu mesmo tirei da minha vida, que sempre me tiraram, que nunca de fato me fizeram entender, que me entendiam como um aluno de escola pública, um apenas outro alguém.. são tantas coisas, tantos pensamentos, felizes e infelizes, que é um puro caos por dentro. Bom, acho que é isso, queria pelo menos hoje descontar essa talvez raiva + tristeza que está no momento me incomodando, me chateando. Como palavras de uma amiga muito importante agora: jamais desista, sempre confie em você, tire as palavras que não te trarão coisas boas.. Palavras assim preciso, pra sempre ter mente, independente de qualquer situação. E claro, se nada der certo, a gente tenta de novo, com um único requisito em mente: sempre tentar/inovar.
Outro dia atrás, me peguei pensando sobre a minha vida, tive uma conversa com um amigo que eu achava que tinha uma vida mais feliz que a minha, que tinha um namorado, que tinha amigos legais, que tinha objetos e pertences interessantes, basicamente uma vida fútil, algo que eu sempre quis ter pra me sentir "sou uma pessoa legal". E essa nossa conversa de repente, se transformou em uma conversa que eu jamais pensava que iria acontecer, meu amigo começou a contar da vida dele, dos acontecimentos que o rodeavam e que nada estava bem. Me senti estranho, por quase toda a conversa confesso que senti uma dose de pena daquele meu amigo, porque há tempos atrás, o ignorava por pura infantilidade. Parei pra prestar atenção em cada palavra que dele saia, comecei a perceber então que, na verdade, a vida dele estava um caos completo, comecei a entender o porquê de certas coisas. E, aquilo me fez refletir tanto que parei pra pensar na minha vida, comparada àquela outra do meu amigo.. Pensando bem, muitas vezes eu reclamei muito, e na verdade tudo foi em vão, desnecessário, não era capaz de enxergar que eu tinha uma família que me amou sempre pela pessoa, que de criança a adulto me tornei, lembrei nos momentos de lágrimas da minha mãe no início da minha jornada, e comecei a entender o porquê de tudo aquilo, entendi seu medo. Foi um back, me senti a pessoa mais fútil do mundo. Por um instante tive aquela raiva própria de mim. Pensei um pouco mais e refletindo novamente, vi que, eu nunca tive tantos amigos pessoalmente, nasci numa cidade do interior, quase inexistente, e amigos baladeiros foi sempre o que me faltou a ter.. Me via excluído dos momentos sociais entre os adolescentes "héteros", porque a quantidade de gays aqui sempre foi mínima, ou eu não me relacionava tanto com os que aqui tinha, me via sem amigo pra ter onde ir. Percebi que com essa nossa conversa, entre eu e meu amigo me fez bem, apesar de não estar nada bem com ele, mas senti que tudo na vida de cada pessoa existe um modo diferenciado de viver, um modo próprio de vida, percebi que talvez essa minha vida de não ter amigos pra "badalar" era o que realmente eu precisava, por dois motivos: um, porque sempre foi o maior medo da minha mãe, o maior medo que eu me entregasse a mais um mundo que eu pudesse afundar totalmente, e o outro, por mim mesmo, por perceber que realmente encontrei o caminho certo, e não pretendi ter amigos "baladeiros" a partir do momento em que me entreguei à vida de vestibulando. Percebi que tudo aquilo fazia parte de uma vida que não me pertencia, e tudo isso, esse mundo isolado que talvez eu acreditava que estava vivendo, era tão necessário quanto respirar. Bom, hoje com 19 anos, não sei dizer se realmente me conheço, pelas mudanças constantes de humor as vezes desconfio, por outro lado, sei o que realmente quero pra mim, e pro meu futuro principalmente. O que ainda me intriga é o pensamento do futuro, hoje estou vivendo uma vida "tensa" digamos, com relação ao estudo, não sei se, daqui alguns meses tudo vai realmente mudar ou permanecer no estado que sempre esteve. Tenho muita vontade de querer ser alguém na vida e me orgulhar por isso, poder provar pra todos que eu sou capaz, principalmente pra alguns professores do ensino médio que pelo olhar sentia que sempre duvidaram de mim. Claro que, não preciso provar pra ninguém do que eu sou capaz, mas acho que essa luta mesmo vem de dentro, porque o maior pensamento que nunca foge, é aquele de que um dia, eu estarei sozinho sem a presença dos meus pais, e precisarei de alguma forma sobreviver. Inconstantes pensamentos por outro lado que me deixam inquieto, a decisão do futuro, às vezes aquela sensação de estar confiando num estranho e pisando numa rocha sem ter a certeza de que estará firme, e aquela sensação de "será que tudo vai dar certo?" aquela precoce decisão de decidir o futuro com tão pouca idade. Enfim, as vezes vir aqui desabafar um pouco do que penso me faz bem, me faz perceber o que estou vivendo no momento, me livra dos pensamentos diários que sempre estão comigo.
